A Enfermagem é uma prática que se
desenvolveu através do tempo. Na Antiguidade a doença era interpretada como
castigo dos deuses. Em virtude disso, as pessoas recorriam aos sacerdotes, pois
eram os detentores dos conhecimentos necessários à realização de tratamentos e
processo de cura.
Com o advento do Cristianismo uma
verdadeira mudança nas estruturas políticas e sociais foi provocada por conta da
reforma dos indivíduos. A divulgação da lei de amor fez com que muitas pessoas
fossem levadas a buscar uma vida mais caridosa e voltada ao próximo.
Nesse contexto, a “Casa do Caminho”
marcou a primeira comunidade cristã na história da humanidade, tendo como foco
o acolhimento de pessoas enfermas nas
mais diversas situações de sofrimento. Vale ressaltar que tal assistência era
voltada não apenas para o restabelecimento físico, pois além de receber os
cuidados de saúde (alimentação, limpeza de ferimentos etc) os indivíduos também
tinham como suporte os ensinamentos deixados por Jesus.
Muito tempo depois, mais precisamente no
século XIX, Florence Nightingale firmou-se como principal representante da
Enfermagem. Ela foi responsável por lançar as bases da profissão tal como é
conhecida hoje. Antes das suas contribuições as circunstâncias para o trabalho
nos hospitais eram péssimas, com pouca ou nenhuma higiene, o que aumentava o
número de mortos. Nesse período, o conceito de micro-organismo ainda não ter
sido descoberto. Mas, Florence já acreditava na importância de manter um ambiente
higienizado, com ar fresco e boa iluminação por entender que o ambiente assumia
papel fundamental para a recuperação do doente.
No Brasil a enfermeira Anna Nery foi reconhecida
como figura essencial. Prestou inúmeros serviços voluntários em hospitais
militares no século XIX. Embora tivesse se deparado, muitas vezes, com a falta
de recursos necessários ao seu trabalho, Anna se destacou por sua dedicação e
disciplina em todos os hospitais por onde passou, chegando a receber uma
homenagem com a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira
Classe.
Outras figuras importantes no cenário
brasileiro foram as enfermeiras Febianas, atuantes na Segunda Guerra Mundial.
Com a entrada do Brasil no confronto, surgiu a necessidade de convocar
enfermeiras para a composição do serviço de saúde militar. Naquela época, como
não havia um número muito grande de enfermeiras profissionais, foi realizada uma
série de treinamentos rigorosos ao redor do país a fim de suprir a demanda.
Ao fim do curso as enfermeiras
integraram o Corpo de Oficiais de Enfermeiras da FEB – Força Expedicionária
Brasileira – e partiram para a atuação nos hospitais de campanha. Em um
ambiente desolador, marcado por inúmeras dificuldades, essas enfermeiras mantiveram a postura de cuidado a quem quer que fosse, dando palavras de conforto, buscando garantir um ambiente acolhedor aos enfermos e oferecendo uma atenção que não se restringia simplesmente ao tratamento do ferimento.
A ideia de cuidado é a que resume muito bem o papel do enfermeiro enquanto profissional de saúde, incluindo uma postura ética que enxerga a vida como algo valioso, respeitando o próximo enquanto indivíduo e não apenas como um corpo enfermo. Dessa forma, a prática da Enfermagem implica em engajamento e comprometimento, entende o cuidado como parte do processo de cura e percebe que cada pessoa tem uma história própria. Assim, se torna essencial lançar mão de um olhar que vá para além da observação técnica da doença e que enxergue aquilo que é fundamental: o ser humano.
No entanto, é interessante considerar que nem todos precisam ser enfermeiros para atentar para a importância de respeitar e ter um olhar voltado para o próximo. A noção de cuidado, valiosa dentro dessa prática tão importante para a saúde, deve ser pensada em nossas ações enquanto cristãos que buscam seguir os ensinamentos de Jesus. A oportunidade da caridade é uma possibilidade que se apresenta nas mais variadas situações do nosso dia a dia: um sorriso, uma palavra de esperança, o oferecimento de um ombro amigo são alguns exemplos. Quando ampliamos essa reflexão para o contexto da casa espírita podemos (re)pensar de que forma temos contribuído nas atividades e quais os modos de melhorar a nossa participação.
A palestra de Enfermagem e Caridade foi planejada para homenagear a mentora da nossa Casa, Irmã Amálya, que foi enfermeira em uma de suas encarnações.