Hoje, em
muitas partes do mundo, comemora-se a Páscoa, uma data importante que apresenta
significado particular, segundo as diferentes perspectivas culturais e religiosas.
A partir do século XIII a.C, a Páscoa (pessach) remete ao episódio de libertação do povo hebreu (judeu) do longo período de escravidão vivenciado no Egito. Ela nos traz à memória a história de Moisés, que superou inúmeras dificuldades, como a travessia do Mar Vermelho, para conduzir seu povo na busca da Terra Prometida. Não é possível lembrar de Moisés sem citar os 10 Mandamentos, código jurídico e moral, ápice da sua missão com aquela população.
A maioria dos cristãos recorda Páscoa como a ressurreição de Jesus Cristo, fazendo referência
ao momento em que Jesus venceu a morte, voltando à vida no mesmo corpo conhecido pelos seguidores, e reafirma a fé na sua mensagem de amor. Nesse caso, as lembranças que retornam são as da prisão e morte do Messias, que se sacrificou pela humanidade, sendo
crucificado pelos seus perseguidores.
Apesar dos diferentes marcos
escolhidos para a celebração da Páscoa, segundo as tradições apresentadas nesse texto, as ideias de passagem,
renascimento e renovação estão muito associadas às duas visões. De acordo com o
Espiritismo, a fuga liderada por Moisés e posterior recebimento dos 10 Mandamentos nos aponta a 1ª Revelação Divina e a aparição
de Jesus Cristo após a morte do corpo quer nos chamar a atenção para a 2ª Revelação Divina.
Nós, espíritas, podemos interpretar
a Páscoa dos hebreus como a libertação em
relação à ignorância, `as mazelas humanas, a orientação para o conhecimento e valorização
de um comportamento ético-moral. Já a Páscoa celebrada pela maioria cristã pode ser vista por nós
como uma prova da imortalidade e sobrevivência do Espírito diante da morte do corpo[1]. Não enxergamos a aparição de Jesus como uma ressurreição. O que aconteceu naquela ocasião foi uma demonstração da dimensão espiritual da existência, já que Jesus se mostrou em Espírito aos seus companheiros. Esse momento, representou, ainda, a continuidade da sua mensagem, a possibilidade das pessoas renascerem para a sua palavra. A partir de então, a Páscoa ganha a conotação da reforma íntima, a possibilidade de largar o homem velho, assumindo um homem novo para a esperança, fé, caridade e amor.
[1] Alguns
podem se perguntar: O que teria sido feito do corpo de Cristo? Essa resposta,
um dia, a ciência nos dará.
Que não percamos esses ensinamentos de vista, revisitando os exemplos deixados por Moisés e Jesus Cristo como etapas importantes na elevação moral da humanidade, nos esforçando para a cada dia vivenciarmos as suas lições.