No livro Boa Nova, psicografado pelo médium Chico
Xavier e de autoria do espírito Humberto de Campos, a vida de Maria, após a
crucificação de Jesus, é narrada com riqueza de detalhes e é nessa obra que estão
baseados os trechos a seguir.
No auge da
crucificação, Maria recordava de tudo o que acontecera desde o nascimento de
seu filho até aquele doloroso momento e se perguntava o porquê daquele suplício.
Maria esteve ao lado de Jesus desde os primeiros açoites até a crucificação e
ao lado dela estava o apóstolo João, que, vencendo o medo pelo qual os outros
apóstolos foram tomados, estendeu seus braços amorosos para confortá-la. Ao pé do madeiro, Maria e João foram
surpreendidos pelo Mestre, que demonstrando perceber a angústia de seus corações,
dirigiu-se a eles de modo especial e disse: “Mãe eis aí teu filho!...” e “Filho
eis aí tua mãe!” Jesus, neste momento, nos ensinou que os verdadeiros laços que
nos unem são os espirituais.
Após a
separação dos discípulos, que saíram a pregar a Boa Nova, Maria foi para uma
cidade chamada Betaneia, onde alguns parentes próximos a esperavam. Ela viveu
ali por anos, em companhia da saudade que sentia de Jesus e da tristeza de ver os
homens utilizando de forma equivocada os ensinamentos trazidos pelo Mestre.
O apóstolo
João, após algum tempo, se estabelece em Éfeso, onde difundia as ideias
cristãs. Assim que conseguiu moradia fixa, retornou a Betaneia e convidou Maria
a se juntar a ele. João explicou que nunca se esquecera das palavras de Jesus e
que, daquele momento em diante, não a deixaria só novamente. Ambos foram para
Éfeso e se instalaram em uma humilde choupana no alto de um pequeno monte que
avançava para o mar. O lugar não demorou a virar ponto de encontro de cristãos
que ali recordavam os ensinamentos do Mestre. Enquanto João pregava na cidade, Maria
dava atenção maternal a todos que buscavam alívio para suas dores.
Certo dia,
Maria viu aproximar-se da choupana um homem com aspecto de pedinte e, como
sempre fazia, o convidou a entrar. Mas, desta vez, ela é quem foi confortada
com as palavras de quem parecia conhecer seus anseios. Após alguns instantes de
conversa, o peregrino lhe estendeu as mãos e disse com amor: “Minha mãe, vem
aos meus braços!” Maria reconheceu Jesus pelas chagas que simbolizavam a
crucificação e quis ajoelhar-se e beijar seus pés, porém, Jesus a levantou, ajoelhou-se
diante dela e beijou suas mãos. No dia seguinte, Maria velada por João, já não
falava e aguardava o desligamento dos laços que a prendiam à vida terrena.
Maria,
depois de liberta do corpo físico, desejou rever os lugares onde havia estado
com Jesus e dos quais tinha saudades. Antes de ascender aos céus, visitou os
cárceres da região, onde os cristãos eram submetidos a sofrimentos atrozes,
aproximando-se de cada um e os intuindo a suportar o sofrimento com bom ânimo.
Temos, na literatura
espírita, outras obras que descrevem a dedicação de Maria aos sofredores. Como
exemplo pode-se citar Memórias de um Suicida,
psicografado pela médium Yvonne Pereira, onde é descrita a assistência aos
suicidas pela Legião dos Servos de Maria e Ação
e Reação, psicografado pelo médium Chico Xavier, onde o autor espiritual
André Luiz relata que as súplicas maternas são acolhidas em planos superiores
pelos emissários de Maria, a fim de serem examinadas e atendidas, se possível.