13 de novembro de 2010

Polêmica sobre a não indicação do filme Nosso Lar ao Oscar


Gostaria de começar com uma pergunta: Quantos espíritas entendem efetivamente de cinema, a ponto de saber qual o melhor filme nacional a ser enviado ao Oscar?
Da mesma forma que muitos espíritas reclamam, com toda razão, ao verem ou lerem algo sobre a Doutrina que não condiz com seus preceitos, deveriam ter maior cuidado ao arguirem sobre assuntos dos quais são apenas apreciadores.
Como espírita fico muito jubiloso ao perceber o crescente interesse do mercado cinematográfico brasileiro na produção de filmes espíritas. Como cineasta percebo que ainda não conseguimos realizar um filme espírita que faça jus a união entre cinema e Espiritismo. Nosso Lar, por exemplo, teve uma técnica impecável, mas, dentre alguns problemas, o principal é o fato de ser uma adaptação de um livro anti-cinematográfico. O filme carece de um roteiro com uma história que envolva o espectador. Ele apenas apresenta a cidade espiritual e o seu funcionamento. Tanto que o único momento verdadeiramente emocionante só acontece no final do filme, quando a empregada percebe a presença de André Luiz em sua visita ao lar terreno. Um filme com o roteiro igual ao de Nosso Lar não tem a menor chance de ganhar um Oscar e a Academia Brasileira de Cinema sabe disso.
Isso, porém, não significa que o filme não tenha seus méritos. Ele cumpre o seu papel de levar ao conhecimento de muitos leigos em relação ao Espiritismo um dos livros mais importantes psicografado por Chico Xavier. E devido, justamente, a idoneidade moral do médium reconhecida mundialmente é que o filme tem despertado o interesse de pessoas de todos os credos. Assim como o livro tornou a cidade espiritual Nosso Lar conhecida por milhões de espíritas, o filme torna esse conhecimento muito mais amplo, permitindo que pessoas que nunca leriam o livro, se interessem e vejam o filme.
Não estou aqui também para defender a escolha do filme Lula, o Filho do Brasil. Não assisti ao filme e, por isso, não posso aferir se há ou não mérito que o indique ao Oscar. Sei sim que, como em quase tudo na vida, há uma forte politicagem por trás das escolhas feitas. Por vários anos, filmes pertencentes a um grupo restrito foram escolhidos apesar de existirem filmes muito melhores, dentro do que se espera que sejam obras cinematográficas mundialmente premiadas.
Como espíritas devemos lutar para que o respeito a nossa Doutrina seja cada vez maior, mas não podemos ser xiitas ao ponto de acharmos que somos os melhores ou que estamos sempre sendo perseguidos pelos outros. Tenhamos a consciência de que muito ainda acontecerá e que este é apenas o começo.


Um comentário:

  1. Acho que é muito difícil, como espíritas, conseguir fazer duas análises do filme: Uma do aspecto emocional, e outra do aspecto técnico. Particulamente não acho que esse tenha sido o único momento emocionante do filme. Isso é muito pessoal, cada um vai achar algum momento mais ou menos emocionante. Gostei o momento do reencontro com a mãe, da prece feita pela antiga paciente e principalmente pelo momento de música (ao piano, acho que sabem o motivo).
    Concordo, portanto, que o roteiro deixa a desejar e que existem outros filmes mais adequados à premiação, e temos que adimitir isso apesar da grande emoção que sentimos ao ver uma das mais importantes obras epíritas e amigos espirituais sendo homenageados em uma obra como esta.

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