O que a Páscoa tem a ver com o Espiritismo? Muitos afirmam que nada; que essa seria uma festa celebrada por algumas religiões cristãs, com base em crenças por nós negadas. Mas seria mesmo só isso? Que tal refletirmos um pouco mais sobre o assunto?
A Páscoa é uma das mais antigas festas celebradas pelo homem. Seu significado vai muito além da “ressurreição” de Jesus, pregado pelo Cristianismo, na cultura ocidental. Páscoa é passagem; é renovação. Os povos antigos do hemisfério norte, nas proximidades do Mar Mediterrâneo, há muitos séculos, já comemoravam a passagem do inverno para a primavera. A festividade ocorria sempre no primeiro domingo, após a primeira lua cheia do equinócio – estrutura mantida até os dias de hoje. Para esses povos, a chegada da primavera significava um recomeço e maiores condições de sobrevivência, por ser um período favorável ao plantio, sucedendo o difícil período do inverno, sempre marcado por um alto número de desencarnes.
Para os judeus, a data também possui um significado muito importante, pois marca o êxodo de seu povo do Egito, por volta de 1.250 a.C., após um longo período de escravidão. Sua passagem ficou marcada, principalmente, pela travessia do povo hebreu pelo Mar Vermelho, com a ajuda de Moisés, que abriu um caminho para que eles pudessem atravessar de uma margem a outra.
Para os cristãos, a Páscoa é a celebração da passagem de Jesus do mundo dos mortos para o dos vivos, por acreditarem na ressurreição de seu corpo. O Espiritismo, embora seja uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns ensinamentos professados pelo Cristianismo. Porém, mesmo não acreditando na ressurreição de Jesus, da forma como se encontra nas escrituras, não teria o Espiritismo motivos para comemorar a Páscoa? Como vimos, esta é uma festa que simboliza uma passagem, uma renovação.
Certamente, não foi por acaso que todos esses fatos históricos ocorreram nesse mesmo período. Assim como o acaso também não existe na data de lançamento de O Livro dos Espíritos, marco inicial da Doutrina Espírita. O dia 18 de abril de 1857, não só fez parte da semana santa daquele ano, como caiu, precisamente, no sábado de aleluia [i]. O que seria isso, senão a nossa Páscoa, a nossa passagem, a nossa renovação? Além disso, há a importância de reconhecermos um único período no calendário lunar congregando não só a primeira e a segunda, como também a terceira revelação. Talvez, seja chegada a hora de nós, espíritas, olharmos com mais atenção para essa data tão especial não só para uma religião ou cultura, e sim para toda a humanidade.
Como se não bastasse tudo isso, Francisco Cândido Xavier, um dos maiores nomes da Doutrina Espírita no Brasil, também nasceu num sábado de aleluia, em 02 de abril de 1910. Podemos ainda não ser capazes de entender efetivamente o poder lunar desta época do ano, mas a espiritualidade que nos governa e nos ampara, com certeza, conhece muito bem os motivos de tantos fatos extraordinários estarem relacionados a este período.
[i] O calendário lunar pode ser consultado no seguinte endereço: http://www.rodurago.net/en/index.php?month=4&year=1857&geodata=48.52%2C2.20%2C1&site=details&link=calendar#showcalendar