29 de junho de 2011

O Espiritismo sem os Espíritos - Parte 1

Há algum tempo ouvimos a Mentora Espiritual de nosso grupo repetir algo muito certo – o lugar de espírito é na casa espírita. Prudente recomendação, pois assim como o acadêmico de medicina necessita do internato e residência, não é menor a necessidade da prática mediúnica no estudo espírita. Deve haver uma associação de conhecimento teórico e experimental para que o espiritismo venha alcançar seus sublimes objetivos. 

Quanto aos conhecimentos teóricos sabe-se que o espiritismo possui hoje enorme bibliografia1, fruto de muito trabalho nos dois planos, esforços que objetivam a evangelização de encarnados e desencarnados mediante o postulado da caridade. Proporcionando além de uma base sólida, conhecimentos elucidativos a vários campos do conhecimento.

A prática mediúnica em reuniões desobssessivas, por exemplo, constitui-se laboratório fecundo para a vivência dos conhecimentos teóricos adquiridos e oportunidade de praticar a caridade a tantos doentes da alma que deixaram o corpo físico e permanecem alheios à realidade espiritual.

Acrescenta a Mentora que atualmente o ideal mediúnico cristão vem sendo deixado para segundo plano, sob a desculpa de uma fidelidade doutrinária que na verdade afasta-se mais e mais do método científico utilizado por Alan Kardec. Desconsiderando o caráter experimental científico da Doutrina Espírita que foi concebida livre de preconceitos e mediante o direcionamento do alto. Alegam ainda que não necessitamos mais do intercâmbio mediúnico, pois, estamos já vivenciando a era da regeneração e que nos basta a mediunidade intuitiva e telepática.

Tal iniciativa também ocorreu nos primórdios do espiritismo, como consta na Revista Espírita de abril de 1866, quando um determinado grupo de espíritas levantou a divisa: Não mais comunicações dos Espíritos. Movimento que se baseava no seguinte:

Os espíritos que se comunicam são os espíritos comuns que não aprenderam o suficiente. Cabe portanto ao encarnado estudar os grandes enigmas da natureza e submeter à sua própria razão.

Constata-se que não se trata de negar as comunicações e sim de estabelecer uma superioridade do pensamento do homem sobre a mesma. Ou seja: livrar o espiritismo do ensino dos espíritos.

Veremos posteriormente como Kardec analisou essa iniciativa e faremos ainda novas observações.

Até breve.


1 – Dentre as obras espíritas destacamos e recomendamos as obras básicas do espiritismo, é claro, e as de André Luiz, psicografadas por Francisco Candido Xavier.

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