10 de setembro de 2019

Após a tempestade


O dia 10 de setembro foi escolhido como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. Não é por acaso, que neste mês somos envolvidos pela Campanha Setembro Amarelo.


Viver não é nada fácil, são inúmeros os problemas com os quais temos que lidar diariamente. Sentimos medo, dor, angústia, desesperança e, por vezes, nos bate uma vontade de desistir de tudo.


Para que possamos recomeçar, levantando a cada tropeço, reconhecendo as possibilidades da existência, a potencialidade do amor e a importância de nos apoiarmos uns nos outros, escolhemos reproduzir a seguinte passagem do texto "Suicídio" de Joana de Ângelis:


"(...)Ninguém se destrói ante a morte. Províncias de infortúnio, regiões de sombras enxameiam em ambos os lados da vida. Da mesma forma prosseguem além-da-morte os estados de consciência ultrajada, de mente rebelada, do coração vencido(...)


A vida é um poema de amor e beleza esperando por nós. Uma gota d'água transparente, uma nervura de folha, uma partícula de adubo, uma pétala perfumada, uma semente fértil, um raio de sol, o piscar de uma estrela são desafios à inteligência, à contemplação, à meditação, ao amor! (...)


Espera pela manhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante. Aguarde um pouco mais, quando tudo te empurrar ao desespero. A divindade possui soluções que desconheces para todos os enigmas e recursos que te escapam, a fim de elucidar e dirimir equívocos e dificuldades.(...)


Ama a vida e vive com amor - embora constrangido muitas vezes à incompreensão, sob um clima de martírio e sobre um solo de cardos (...) Recupera hoje o desperdício de ontem sem pensares (...)


Se te parecerem insuportáveis as dores, lembra-se de Jesus, na suprema humilhação da Cruz, todavia, confiando em Deus, e de Maria, Sua Mãe, em total angústia, fitando o filho traído, aparentemente abandonado, de alma também trepassada pela dor sem nome, por meio de cuja confiança integral se converteu em exemplo insuperável da resignação e paciência, na sua inquestionável fé em Deus, tornando-se a Mãe Santíssima da Humanidade toda.(...)"


(FRANCO, Divaldo Franco, Após a Tempestade, pelo o Espírito Joana de Ângelis, Salvador, 1992, cap. 18)


3 de setembro de 2019

Progresso da Humanidade



Progresso da Humanidade

 

NOTA PARA MELHOR ENTENDIMENTO DO TEXTO: Segundo o  Espiritismo há no universo diferentes mundos habitados, ou seja, os muitos planetas espalhados pelo cosmo possuem infinitas categorias e para classificar estes mundos, numa ordem básica, considera-se o grau de   evolução das sociedades que os habitam: mundos primitivos (as sociedades ainda estão muito apegadas ao instinto. São próximas ao que conhecemos hoje como “homens das cavernas”); mundos de provas e expiações (planetas em que os habitantes ainda estão ligados às más inclinações, mas já conseguem discernir o que é bom e reencarnam para reparar erros do passado - é o estágio em que a Terra se encontra); mundos de regeneração (as sociedades já estão mais conectadas à verdadeira vida e conseguem colocar em prática com mais frequência a vontade divina); mundos felizes e ditosos (o império do bem sobre o mal é a razão para a felicidade de suas sociedades); mundos celestes e divinos (somente reencarnam espíritos depurados. Nestes mundos apenas o bem é praticado).
“[...] vós já haveis progredido, vós que me escutais: sois infinitamente melhores do que há cem anos; de tal maneira vos modificastes para melhor, que aceitais hoje sem repulsa uma infinidade de ideias novas sobre a liberdade e a fraternidade, que antigamente teríeis rejeitado. Pois daqui a cem anos aceitareis também, com a mesma facilidade, aquelas que ainda não puderam entrar na vossa cabeça.”¹
A comunicação dos espíritos com os encarnados a fim de trazer-nos as revelações e esclarecimentos acerca do plano mais etéreo da vida foi planejada há muito, como evidenciam as palavras de Jesus Cristo sobre o Consolador por Ele prometido: “Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, [...] vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”².
Era necessário, no entanto, que a humanidade estivesse preparada e suficientemente adiantada para compreender com clareza os novos ensinamentos. Mil e oitocentos anos se passaram para que pudesse ser notado nas sociedades o progresso dos ideais de justiça e da busca por esclarecimento, como já anunciava o lema da Revolução Francesa³: “liberdade, igualdade e fraternidade” e podia ser percebido nas motivações de tantos outros movimentos da época, como o Iluminismo e a abolição da escravatura, que já começava a ser discutida e efetivada em vários países. Dessa maneira, o trecho que inicia esse texto não poderia descrever e identificar melhor os avanços alcançados no século XIX, em comparação ao século anterior.
Essas mudanças são sintomas perceptíveis da evolução do planeta. Há, contudo, uma permanente impressão, não rara, de que a situação na Terra está a cada dia pior, o que incita a contestação de tal evolução.
A explicação para isso não é complexa: na medida em que a era de regeneração se torna mais próxima, muitos espíritos ganham sua última oportunidade de reencarnação para reparar seus erros passados e conseguir acompanhar a evolução do planeta. É certo que grande parte desses espíritos está na erraticidade há muito tempo e tem dificuldades para se desfazer de seus vícios e para tentar alinhar suas práticas com a vontade divina.
Embora haja tantos espíritos encarnados ainda ligados às suas más inclinações, é inegável que parcela considerável da humanidade protagoniza hoje evolução científica e do pensamento social jamais registrada na Terra. Esse é um sinal mais evidente da evolução do planeta, que chegará a mundo de regeneração ainda nesse milênio.
Dessa maneira, é certo que a humanidade caminha rumo a um mundo mais equilibrado, livre dos excessos materiais e mais ligado à verdadeira vida. Nesse sentido, devemos entender que a cada um de nós cabe buscar a reforma íntima, a fim de conseguirmos acompanhar a evolução do planeta e mantermo-nos em condições de habitá-lo na era de regeneração.

¹ ESSE, cap XI, item 10
² João, XIV: 15 a 17 e 26
³  Nesse sentido, leva-se em conta apenas o ideal de progresso no qual a Revolução se baseou. As batalhas e mortes provocadas nesse contexto não estão sendo consideradas.