26 de maio de 2020

Salve a Liberdade!


O Brasil está intimamente ligado à África por conta da escravização dos povos africanos, um dos capítulos mais tristes da nossa história.  Se fizermos as contas, o período total no qual o negro foi submetido à condição de escravo, em terras brasileiras, ultrapassa o tempo de liberdade conquistada em lei. Pesquisas estimam que, ao longo de mais de três séculos de exploração da mão de obra africana, cerca de 6 milhões de pessoas foram trazidas para o Brasil.

Considerados mercadorias e classificados como inferiores por aqueles que se beneficiavam do comércio de escravos, foram forçados a embarcar em navios para uma viagem sem volta, em que o medo, o sofrimento e a agonia se faziam presentes. De uma só vez, as populações africanas que no Brasil chegavam perdiam terra, família e parte da sua cultura. O cotidiano de trabalho era exaustivo, a alimentação, insuficiente. A violência com que eram tratados deixava marcas registradas para além da dimensão física.

A Caravana do Amor tem entre seus trabalhadores reencarnados e  membros da Equipe Espiritual, Espíritos que vivenciaram em alguma encarnação a experiência da escravidão. Sabemos pouco sobre eles, mas nos sentimos honrados em poder dividir uma parte da sua história com vocês.

1. Pedro de Iramba

No século XVIII aproximadamente,  chegou ao Brasil um grupo de negros escravizados vindo da região de Iramba, localizada próxima ao Lago Vitória (fronteira), distante do litoral e pertencente a Tanzânia, país situado ao leste do continente e que é banhado pelo Oceano Índico. Esses africanos, incluindo rainha e princesas, pertenciam ao chamado tronco linguístico banto, que reúne centenas de grupos étnicos.

Durante uma viagem pela chamada Rota de Moçambique, os escravizados capturados em Iramba, reconheciam a liderança de Pedro, que confortava e encorajava a todos, inclusive espiritualmente, objetivando amenizar a dor daqueles seus irmãos e, ao mesmo tempo, oferecer-lhes o estímulo necessário para suportarem a longa jornada. O número de óbitos ocorridos nesse tipo de percurso era significativo, por motivos diversos: fome, diferentes doenças e cruéis execuções.

2. Tomé José dos Anjos

Um bebê com apenas seis meses de vida, separado brutalmente de sua mãe, foi  embarcado para o Brasil em uma outra viagem da Rota de Moçambique. Também pertencente ao tronco linguístico banto, era originário da região de Nairóbi, capital do Quênia, país que faz fronteira com a Tanzânia e, do mesmo modo, é banhado pelo Oceano Índico.

Vivendo em Campos dos Goytacazes e na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, Tomé trabalhou em diferentes fazendas, sendo conhecido por resistir através de fugas. Hoje ele é um grande e incansável amigo e protetor espiritual dos caravaneiros.

Nada justifica a escravidão, nem o tratamento desumano que as populações de origem africana receberam. Ainda nos dias de hoje, esbarramos com pessoas que se apoiam em justificativas racistas para afirmar a desigualdade entre os homens. Se defendida por cristãos no passado, a escravidão, bem como todo e qualquer tipo de preconceito relacionado a essa experiência, devem ser repudiados e combatidos no presente.

Nossa gratidão a Deus, a Falange de Iramba e a Tomé pelo amparo de sempre e pelas lições de humildade e simplicidade.


19 de maio de 2020

Em tempos de recolhimento, abrace a vida!


O Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro - CEERJ- lançou no mês passado a campanha que dá título a esta postagem. Tendo em vista os impactos emocionais que o prolongamento do distanciamento causa em nossas vidas e reconhecendo a necessidade de que, nesse momento, sejamos, cada um de nós, o apoio do outro, o CEERJ indica os atendimentos do Centro de Valorização à Vida (CVV), instituição que trabalha há mais de 50 anos na prevenção do suicídio, desenvolvimento de atividades de incentivo ao autoconhecimento e à melhora da convivência nas dimensões coletiva e individual. 

Por meio de telefone, e-mail ou chat, voluntários de todo o país atendem a quem estiver precisando de ajuda e queira conversar. O objetivo é oferecer uma escuta acolhedora e uma fala amorosa, sem pré-julgamentos. Listamos abaixo, os meios pelos quais é possível entrar em contato com o CVV:

a) Telefone: 188 - a ligação é gratuita e sem custo;



d) Redes Sociais: @cvvoficial

Busquemos o equilíbrio a fim de superarmos nossas angústias, medos, cansaço, ansiedade e dor. Caso não se sinta à vontade para falar com um desconhecido, procure um amigo. Você não está sozinho! 

12 de maio de 2020

Encontro Estadual de Evangelizadores 2020

 

Este ano o Encontro Estadual de Evangelizadores será virtual, respeitando as orientações sanitárias. O tema escolhido foi "Evangelizar com Simplicidade" e mesmo à distância, essa é uma oportunidade para troca de ideias. As inscrições encerram-se dia 22/05. Participe! 

Para aqueles que não conseguirem se inscrever, devido ao número limitado de vagas, haverá transmissão pelos canais oficiais do CEERJ. 

9 de maio de 2020

Mãe, Deus te abençoe!


Quero mãezinha agradecer-te, em festa, por tudo que me dás ao coração, entretecer-te uma canção modesta , mas todo esforço é vão. 

Se pudesse dizer a gratidão que sinto por teu santo carinho protetor, precisaria conhecer na essência toda a glória do amor. 

Tens o segredo da Bondade Eterna, Deus me acena e sorri por tua face. 

Não há sábio no mundo que defina o Sol quando aparece, o lírio que nasce! 

Falar de ti, mostrar-te? Isso seria como explicar da Terra, olhando a Altura, a doce maravilha de uma estrela a guiar o viajor em noite escura. 

Converto em prece o reconhecimento, que de meu peito humilde se extravasa, rogando ao Céu te envolva em rosas de ventura, anjo sustentador de nossa casa! 

Deus te guarde, mãezinha, pelo berço, descuidado e risonho, em que me acalentaste para a vida, como flor de teu sonho. 

Deus te engrandeça pelos sacrifícios e pelos sofrimentos que te impus, quando em pranto escondido te arrasavas para ser minha luz. 

Deus te compense pelas noites tristes de aflição que te dei, pelo perdão de tantas vezes, tantas! Quantas foram, não sei. 

Deus te enalteça a fonte de ternura, que nunca se enodoa e nem se cansa, pelo cuidado com que me restauras, ante o dom do trabalho e a força da esperança. 

Perdoa se te oferto unicamente, na minha devoção de todo dia, o meu ramo de flores orvalhadas nas lágrimas que choro de alegria! 

Com júbilos divinos, Mãe querida, que a Celeste bondade te coroe! 

Por tudo que nos dá nos caminhos da vida, Deus te exalte e te abençoe! 


Mensagem do Espírito Maria Dolores disponível em: XAVIER, Francisco Cândido. Luz no lar e Mãe: Antologia Mediúnica. 



5 de maio de 2020

Bezerra, o apóstolo da Unificação



No dia 16 de agosto de 1886 havia cerca de duas mil pessoas no salão de honra da Guarda Velha, participando de um ciclo de conferências organizado pela Federação Espírita Brasileira. Elas assistiram emocionadas e atônitas  à conferência do homem que era o médico (alopata) dos pobres há trinta anos, foi eminente político de 1860 a 1885, e também desempenhava destacada função de jornalista, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti.[1] Amigo de todos os diretores da Federação, ele anunciava ali, em alto e bom som, a sua adesão ao Espiritismo.

Grande foi a repercussão provocada em toda a cidade do Rio de Janeiro e até mesmo em outros estados, pois o público, até então, desconhecia que aquele ilustre cidadão cearense já estudava a Doutrina dos Espíritos desde 1876, aproximadamente, quando recebeu das mãos do Dr. Joaquim Carlos Travassos –primeiro a empreender a tradução das obras de Kardec no Brasil e Secretário-Geral do Grupo Confucius– como presente, um exemplar de O Livro dos Espíritos, com dedicatória.

Entre os diversos subgrupos[2] espíritas da época houve grande contentamento com os resultados e consequências daquela conferência, pois as livrarias venderam mais livros espíritas, a Federação cresceu em adesões de Grupos Espíritas, os círculos do catolicismo agitaram-se e alguns fizeram ataques por cartas ou através de artigos publicados na imprensa ao homem e à Doutrina Espírita. Com muita sabedoria, conhecimento doutrinário, teológico, filosófico e possuidor de verbo fácil, o Dr. Bezerra de Menezes escrevia seus comentários e replicava com lúcidos e indiscutíveis argumentos, em cartas ou também através da imprensa, as agressões que recebia ou que eram dirigidas ao Espiritismo.

Em face disso, foi convidado pela União Espírita do Brasil a escrever, para ser publicada no jornal de maior circulação da época, O Paiz (dirigido por Quintino Bocaiuva, que pouco depois se tornou espírita), a série de “Estudos Filosóficos”, cujo título era “Espiritismo”. No período de novembro de 1886 a dezembro de 1893, sob o pseudônimo de Max, seus artigos foram publicados ininterruptamente, aos domingos, marcando assim a melhor época da divulgação do Espiritismo no Brasil. Estes artigos foram, mais tarde, reunidos em três volumes e publicados em formato de livros. Nesta mesma época, ele escreveu o romance “A Casa Mal Assombrada” e ainda “Lázaro, o leproso”. Simultaneamente à essa volumosa produção intelectual, num intervalo de um ano e meio, Bezerra enfrentou a perda de três de seus filhos.

Em abril de 1889, Bezerra de Menezes assumiu a presidência da FEB, onde instalou o primeiro “curso de desenvolvimento da mediunidade” no país. Levava consigo o objetivo de conseguir reunir os espíritas brasileiros em torno da Doutrina dos Espíritos, praticando a fraternidade ensinada no Evangelho, sob o lema da Bandeira de Ismael: Deus, Cristo e Caridade. Entretanto, os espíritas de então pareciam refratários aos apelos que lhes foram dirigidos por Allan Kardec e Ismael, através das mensagens por eles enviadas. Pouco tempo depois deixou o cargo, passando a exercer o de vice presidente em 1890 e 1891, ocasião em que vários grupos reduziram ou encerraram suas atividades por causa das incursões e perseguições arbitrárias promovidas pela polícia nos mais variados setores da sociedade, em busca de possíveis elementos contrários à República recém instalada no Brasil. Após esse tempo se afastou da FEB, mas não interrompeu suas atividades costumeiras no Espiritismo, assim como, jamais deixou de exercer algum trabalho profissional.

Em 1895 Dr. Bezerra de Menezes foi convidado a reassumir a presidência da FEB, pois grande era a dispersão dos elementos no movimento espírita. Inicialmente recusou o convite por diversas razões, mas lhe foi oferecida autonomia total para dirigir os destinos da instituição e, embora tenha ficado sensibilizado com o convite, preferiu ouvir o seu Mentor Espiritual antes de dar uma resposta definitiva. Assim, em reunião mediúnica no Grupo Ismael (que ele frequentava regularmente), em julho daquele ano, na qual também estava presente Bittencourt Sampaio, que ponderou favoravelmente a aceitação do convite pelo médico dos pobres, foi ouvido o Espírito Agostinho, através do médium Frederico Júnior, falando da necessidade e urgência de se aceitar aquele convite, pois que, era um chamado e que a união dos espíritas e a sua orientação haviam sido confiadas pela espiritualidade a ele, Bezerra de Menezes. Dessa forma, sob as bênçãos de nosso Senhor Jesus Cristo e o concurso imediato dos Espíritos mensageiros da luz, ele aceitou a convocação e exerceu novamente o cargo de presidente da FEB, de agosto de 1895 a abril de 1900, quando desencarnou.    





Referências Bibliográficas:

ABREU, Silvino Canuto de. Bezerra de Menezes:  Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil desde o ano de 1895. Editora: FEESP. Obra disponível em
Adolfo Bezerra de Menezes: Apontamentos bibliográficos. Texto produzido para coletânea da FEB. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/06/Adolfo-Bezerra-de-Menezes.pdf
Presidentes da FEB. Revista Reformador, abril de 2014.  Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2014/05/presidentes-da-feb-1.pdf

[1] Ao concluir o curso de medicina, Bezerra ingressou na vida militar como cirurgião-tenente, nela permanecendo por quatro anos. Foi católico fervoroso e profundo conhecedor da Bíblia. Na juventude teve dúvidas sobre a religião que conheceu desde criança e se tornou cético, mas passou a estudar profundamente o Livro Sagrado dos cristãos quando, após cinco anos do seu primeiro matrimônio se tornou viúvo, em 1863.
[2] a) Os “científicos”  -  os que compartilhavam somente do aspecto científico da Doutrina Espírita. Tinham maior interesse somente nos fenômenos mediúnicos.
b) Os “místicos”  -  os que encaravam o Espiritismo como religião.
c) Os “espíritas puros”  -  os que aceitavam apenas O Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns como expressão da Doutrina dos Espíritos.                                                                                            d) Os “kardecistas”  -  eram os que adotavam todos os livros da codificação espírita.